quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um grito a dois: Degas

1 comentário:

  1. Partilho aqui consigo um trecho do meu diário pessoal porque acho que faz sentido.

    "Prolonga-se o grito até nunca, que é ali na parede que dá para o mundo, ou até á grade da varanda sobre os viadutos. Um grito vermelho que é sacudido pelo vento, que atravessa o Inverno até depois. Há outros que também são vermelhos, porque todos os gritos são vermelhos, não seriam gritos se não fossem vermelhos e se não voassem ao vento. Mas alguns não vão tão longe, chegam aqui ás grades da cama e enrolam-se nelas. Destroem-se depois aos bocadinhos como um papel picado, mas um papel escrito e sujo, encardido, que andou por baixo da roupa húmida que se traz da rua quando chove muito. Alguns levam a frente o fumo de cigarros. Outros o cheiro de perfume que fica por baixo das unhas. A vida é isto: olho-me de dentro e há o grito." Wanda Veloso'

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